Isso vem de encontro a uma demanda REALMENTE NECESSÁRIA do mercado de automação de máquinas e processos no Brasil, que busca a cada dia mais sistemas instrumentados de segurança, de alta disponibilidade e, confiabilidade, especialmente sistemas baseados em SIL da norma IEC 61508, com características de redundância, de forma garantir menos paradas indesejadas e, menos manutenção.
Focaremos neste artigo o uso de válvulas eletro-hidráulicas redundantes especificas para o controle e acionamento de servo-motores em turbo-compressores (usados em refinarias de petróleo, plataformas e, petroquímicas) e turbo-geradores ( usinas térmicas e, hidrelétricas), embora sua aplicação seja muito mais ampla, sem falar de outros tipos de elementos finais de controle que também podem ser duplicados. O assunto é bastante relevante, mas pouco abordado no Brasil.
Introdução:
As primeiras aplicações de válvulas eletro-hidráulicas redundantes em turbinas hidráulicas e à vapor datam do fim da década de 70, nos Estados Unidos. Estas válvulas eram aplicadas em usinas térmicas, hidrelétricas e, refinarias de petróleo, geralmente em máquinas de médio e grande porte. As válvulas geralmente eram e, são montadas em Skids.
O que motivou ( e motiva até hoje ) o emprego de válvulas eletro-hidráulicas ( ou pneumáticas ) redundantes, além da criticidade do processo ou máquina controlada, é o simples fato de que o índice de falhas em sistemas de controle esta, estatisticamente falando, concentrado majoritariamente no elemento final de controle ( válvula eletro-hidráulica ) e, não no elemento primário de controle ( controlador digital ou analógico ).
Onde mais ocorrem as falhas em sistemas de controle e sua razão:
As falhas em sistemas de controle ocorrem com mais frequência nos elementos finais de controle em campo, tais como válvulas, atuadores, contatores, etc.
A razão para isso é que estes elementos são justamente os que estão mais expostos as intempéries de campo, tais como vibração, movimentos e deslocamentos mecânicos, manipulação de fluidos sujeitos a contaminações (óleo, ar comprimido, etc.), chaveamento de altas correntes, variações bruscas de temperaturas, umidade, oxidação, entre outros.
Em segundo lugar estão os sensores de campo e, por último, os controladores digitais. O gráfico abaixo, elaborado após minuciosa pesquisa feita no mercado industrial dos Estados Unidos e de outros países, por engenheiros-consultores renomados daquele país, mostra em termos percentuais onde mais ocorrem as falhas nos sistemas de controle. Essa estatística inclusive é considerada hoje como universal no mercado de instrumentação.
Embora existam alguns poucos casos de duplicação do elemento final de controle no Brasil, muitos poderão se perguntar, pelo gráfico acima, porque razão então se dá tão pouca atenção a duplicação dos elementos finais de controle no Brasil.
Existem inúmeras razões para isso ocorrer no Brasil, mas de maneira geral podemos dizer que o principal motivo é falta de conhecimento puro e simples sobre o assunto e, pouca familiaridade dos usuários de equipamentos com a norma IEC 61508 e, as suas respectivas normativas SIL (Safety Integrated Level).
Quais as vantagens de usar uma válvula eletro-hidráulica redundante em turbina hidráulica ou turbina à vapor:
Elevado aumento da disponibilidade de máquina em casos de…
- Contaminação de óleo ou ar comprimido;
- Obstrução de tubulação;
- Overshoot da bomba de óleo;
- Falha na válvula eletro-hidráulica operante e, sua seguinte substituição On-Line pela válvula eletro-hidráulica reserva.
Além disso, as vantagens abaixo também são consideradas:
- Comutação manual ou automática entre as válvulas eletro-hidráulicas;
- Alimentação elétrica e/ou hidráulica da válvula simplex ou redundante;
- Reparo à quente (substituição da válvula defeituosa sem parada de máquina);
- Teste de vida on-Line (comutação entre válvulas, sem parada de máquina, para verificação de sanidade do sistema de controle);
- Aumento da confiabilidade do sistema;
- Em conformidade com os sistemas SIF (Safety Integrated Function), baseados na norma IEC 61508, passível de certificação.
Conclusão:
Fica evidente a necessidade de se atentar mais com os elementos finais de controle em aplicações criticas. Como apresentado, a ocorrência de falhas concentrada majoritariamente nesta parte dos sistemas de controle justificam o investimento e, demonstram a necessidade de uma mudança cultural nos projetos de automação e, instrumentação, sem falar nos benefícios trazidos por esse tipo de implementação e, maior adequação as normas SIL – IEC 61508.
Referências Bibliográricas:
- Manual 26448 – Rev. D – CPC II Digital Redundant Valve for Turbines – Woodward Governor Company
- Manual 37839B – Rev. B – Redundant Duplex CPC Skid Assembly – Woodward Governor Company
- “Onde mais ocorrem as falhas em sistemas de controle” – Average Probability of Failure on Demand – Goble and van Beurden – A Statistical Study of SIF Designs – Distribution over 8,917 SIF’s – January/2006
19 Comentários
Ronaldo, eu trabalhei na implementação desse sistema na turbina da GE na unidade petroquímica Braskem em Santo André e estou orgulhoso ao ver que esse controle de governador redundante foi dado como exemplo pratico de aplicação. Realmente, em casos como estes a filosofia da automação redundante traz muito benefícios que acabam justificando seu investimento, principalmente no que tange a confiabilidade e disponibilidade do equipamento.
Parabéns pelo artigo publicado.
Obrigado Fernando ! Abraço, Ronaldo.
Muito bom. Sou formado em eng. de automação, ainda não tenho a experiência na área. E ver esse estudo levantado por você, mostra o quanto me falta conhecer a prática.
qual seu e-mail? o meu é: jjmarquespereira@yahoo.com.br
vlw. sucesso!
Obrigado Jonathas, o E-mail éh: ronaldo-jsilva@bol.com.br , Abraço,
Muito bom seu artigo senhor Ronaldo! Espero que continue escrevendo artigos e nos beneficiando com sua experiência profissional. Grande Abraço!
Obrigado Paulo por apreciar o artigo, em breve pretendo publicar outros… Um abraço, Ronaldo – ronaldo-jsilva@bol.com.br
Ronaldo parabéns pelo artigo !
Olá Luiz, muito grato por apreciar o artigo… Um abraço, Ronaldo – ronaldo-jsilva@bol.com.br
Ronaldo.
Parabéns pelo artigo, muito importante e esclarecedor.
Olá Robson, muito grato por apreciar o artigo. Um abraço, Ronaldo – ronaldo-jsilva@bol.com.br
Ronaldo, quero agradecer pelo artigo, concordo com o Ronaldo, importante e esclarecedor!
Olá Angela, agradeço por apreciar o artigo… Abraço, Ronaldo – ronaldo-jsilva@bol.com.br
Ronaldo,
Toda a vez que me deparo com solução redundantes me faço a seguinte pergunta: Há algum estudo de confiabilidade, tipo FMEA, que valide a proposta, e qual é o ganho de quantitativo confiabilidade da solução simplex e da solução redundante? P.ex., se tenho um sistema simplex com 99,999% de confiabilidade e outro redundante de 99,9995%, será que vale a pena investir no redundante?
Outro ponto é que apesar do sistema redundante ter 2 CPC e até 2 Governadores, ainda temos um elemento em comum, que é o sistema de transferência? Qual é a confiabilidade deste sistema?
Bom dia João ! Sim, existem estudos que empregam cálculos estatísticos para se chegar nas conclusões de níveis de confiabilidade de sistemas, não sei se o FMEA seria uma ferramenta adequada para isso, mas enfim. Estes cálculos inclusive são a parte mais considerada na hora de uma certificadora internacional reconhecida aprovar determinado sistema ou não. O estudo de confiabilidade leva em conta o MTBF e MTTR de um sistema, mais ou menos igual a uma associação série-paralelo de resistores ( em alguns casos, até capacitores ) para se chegar nos valores. Qto a valer a pena de investir ou não num sistema redundante, o que vai determinar é o custo de hora parada de determinado processo ( não somente isso, mas também a criticidade ), isso é o que vai justificar prioritariamente o investimento. Uma forma simples de vc avaliar talvez seja comparar o cálculo da TIR do investimento com o custo de processo parado… Acredito que este seja o melhor caminho… Agora um ponto muito relevante nesse artigo é que observo no Brasil se duplicar muito a parte eletrônica, e, não a parte de comando, de válvula. Não que não seja importante duplicar o eletrônico, é importante sim, mas mais importante é duplicar a válvula de comando, como detalhado aqui. Muito obrigado por apreciar o artigo e, um grande abraço, Ronaldo – ronaldo-jsilva@bol.com.br
João, só complementando a resposta: O Skid de transferência da Woodward é muito confiável, agora existem Skid´s feitos por terceiros, por estes não tem como dar opinião… Abraço,
Ronaldo,
Novamente, muito confiável é um termo vago. Há algum estudo de confiabilidade com valores quantitativos? Sem um estudo quantitativo como se pode afirmar que é “muito” confiável.
Outro ponto, para que eu realize um estudo econômico é necessário saber qual é o ganho de confiabilidade do sistema redundante em comparação com o sistema redundante. Teria como me enviar os estudos de confiabilidade deste sistema. Agradeço.
Sim, é possível, posso lhe enviar exemplos práticos, qual o seu E-mail ?
João, sim existem estudos de confiabilidade, baseado em metodologias técnicas e, consequente quantificação em números… Tem que existir João, pois os equipamentos precisam provar o grau de disponibilidade e, reparabilidade através destes ensaios, especialmente se quiserem obter a certificação SIL – IEC-61508… Abraço,