Qualquer empresa que pretenda ter perenidade nos negócios precisa, já hoje, estar preocupada com a sustentabilidade de seus processos e sua adequação às necessidades do planeta para que evitemos o ponto de não-retorno.
Nesse sentido, a Endress+Hauser chega aos 70 anos propondo ser, nas próximas décadas, o caminho de automação para indústrias do mundo inteiro atingirem níveis de crescimento sustentável, nos quais aspectos econômicos estarão em harmonia com a responsabilidade ecológica e social.
“Na prática, acreditamos que somos parte da solução e não do problema. Isso porque a automação industrial, com certeza, faz parte do que nos permitirá alcançar a sustentabilidade que o mundo precisa”, explicou Carlos Behrends, Managing Director da Endress+Hauser Brasil, após sua participação no Endress+Hauser Global Forum 2023, realizado no Basel Trade Fair Center, na Suíça.
O evento, que aconteceu entre 26 e 28 de junho, focou em apresentações e discussões sobre as transformações da indústria de controle de processo, seus desafios e possibilidades nos próximos anos, e em como a empresa familiar suiça participará desse processo, garantindo que medidas sustentáveis façam parte tanto da sua própria cadeia produtiva quanto da de seus clientes.
Uma vez que a indústria de processo, especificamente, consome muita energia, bem como matérias-primas de origem fóssil, o uso inteligente da tecnologia de medição permitirá entender, cada vez melhor, esses gastos e otimizar os processos. Além disso, se os combustíveis atuais forem substituídos por fontes alternativas de energia, como solar, eólica e hidrogênio, o impacto sobre o planeta, em muitos lugares, pode ser neutro.
“O Dr. Klaus Endress, presidente do conselho fiscal, costuma falar que temos trabalho pelos próximos 100 anos. Mas eu acho que é bem mais que isso. Porque tudo que estamos vendo agora gera novas demandas de automação, que serão contínuas. Com certeza, é um desafio para diversas indústrias. Mas é muito mais uma grande oportunidade”, avaliou Behrends, citando necessidades sustentáveis como descarbonização, transição energética, economia circular, e eficiência de recursos e energia.
Ele ainda lembrou que países da América do Sul, em especial o Brasil, encontram-se em uma posição especial nesse debate, visto que possuem anos de experiência em temas como biodiesel e energia solar.
Exemplo para sustentabilidade da indústria
Nas últimas sete décadas, a Endress+Hauser vem mostrando que entende a importância de ter uma estratégia de longo prazo, na qual passos consistentes são mais importantes que grandes saltos.
Com cerca de 16 mil funcionários e 3,4 bilhões de euros em vendas em mais de 50 países, a especialista em medição e automação celebra seu 70º aniversário estando bem posicionada, se não para liderar a transformação sustentável, ao menos para ajudar em seu desenvolvimento, como explica o Managing Director no Brasil.
“Temos dois níveis de ação: aquilo que faz sentido porque produz um grande impacto, e o que faz sentido porque reforça o nosso compromisso em tentar fazer. Aqui, sempre nos perguntamos: como podemos chegar mais longe com as possibilidades que temos? Pode ser que não tenhamos os mesmos materiais ou as mesmas possibilidades de grandes iniciativas, mas temos que tentar chegar o mais próximo possível, porque entendemos que isso faz sentido e nos coloca como parte da solução”.
Recentemente, a Endress+Hauser lançou uma iniciativa para definir uma meta de zero líquido credível. A Science Based Targets Initiative (SBTi) busca definir qual seria, para a empresa, a meta climática que representa o equilíbrio entre a quantidade produzida de gás de efeito estufa e a parcela removida da atmosfera, com base na ciência.
De acordo com Julia Schempp, diretora de responsabilidade social corporativa da Endress+Hauser, “trata-se de moldar um futuro sustentável em toda a cadeia de valor. Por isso trabalhamos com nossos fornecedores e clientes para identificar formalmente metas sustentáveis e incorporá-las à nossa estratégia global”, contou. Schempp fez parte das apresentações técnicas do Global Forum, que teve também Paul Borggreve, diretor corporativo de Marketing; Frederik Effenberger, gerente industrial; Jens Hundrieser, gerente regional da indústria; e Thomas Kaufmann, gerente de produto.
Já nas Sessões Inspiradoras, discursaram palestrantes renomados como Mike Berners-Lee, especialista em pegadas de CO2 e autor do livro “Não há planeta B”; Gauri Singh, vice-diretora-geral da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA); Julia Binder, professora de inovação sustentável e transformação corporativa; e o psiquiatra Bertrand Piccard, o primeiro aventureiro a rodar o mundo em um balão.
Não à toa, o tema do Endress+Hauser Forum Global foi representado na frase “Insights para Decisões Sustentáveis”.
Parte da solução e não do problema
Como um ator-chave na cadeia de valor, a indústria de processo tem grande responsabilidade na construção de um futuro sustentável, partindo da tentativa de diminuir suas pegadas de carbono (quantidade de emissões de gases de efeito estufa originadas a partir de diferentes atividades humanas).
Para Matthias Altendorf, CEO da Endress+Hauser, ao introduzir práticas e tecnologias mais ecológicas, a indústria pode reforçar sua própria capacidade competitiva e dar uma contribuição valiosa para o gerenciamento de desafios globais. “Por meio de seus esforços, a indústria de processo tem o potencial de ser uma força motriz para mudanças positivas nas áreas de transformação de energia, sustentabilidade e consumo de recursos. Somos parte da solução, não parte do problema”, afirmou o CEO.
Por isso, além de palestrantes que focaram em pontos específicos do debate, a Endress+Hauser promoveu um evento colaborativo, convidando seus clientes e parceiros a falarem sobre como resolvem alguns dos desafios que enfrentam e compartilhar informações sobre suas diferentes abordagens, visando também a contribuir para que a empresa melhore suas plantas, estratégias e processos.
“Em grande medida, muito do que nossos clientes precisam é aquilo que já produzimos em termos de produto. O que acontece, pensando nesse momento de transição, é que precisamos oferecer cada vez mais qualidade. Estou falando não apenas de pressão, vazão, nível e temperatura, mas de densidade, viscosidade e outras características cada vez mais sofisticadas. Mesmo assim, a maior força que ainda vejo é nossa capacidade de estarmos próximos dos clientes, fisicamente, na planta deles, discutindo as aplicações de automação, já que as grandes inovações, na verdade, virão deles e de como eles vão alterar seus processos”, avalia Carlos Behrends.
Futuro colaborativo
O Managing Director no Brasil ilustra essa questão citando um dos grandes desafios de toda a cadeia da indústria de automação: a substituição das matérias-primas à base de petróleo. “Quando falamos de plástico verde, por exemplo, queremos dizer que, em vez de ele vir de petróleo, ele vem do etanol. No caso da Endress+Hauser, não compramos plástico, mas compramos peças feitas de plástico. Então, precisamos que nosso fornecedor adote a possibilidade de utilizar a alternativa verde. Isso significa que as empresas precisam acreditar no potencial existente, transformar sua capacidade de produção e fornecer novos materiais – ‘novos’ no sentido de origem, já que os materiais continuam sendo os mesmos. Esse processo é demorado, não é algo de meses. Precisamos de paciência para desenvolver tudo isso juntos”, explica.
Por depender de um trabalho contínuo e em longo prazo, o processo de transformação também depende de iniciativas que mostrem que o futuro sustentável é possível e reforça a importância de espaços como o Endress+Hauser Global Forum a fim de demonstrar a atuação da empresa no sentido de oferecer cada vez mais qualidade para seus parceiros e clientes, com soluções inovadoras e sustentáveis.
“Nosso elemento-chave não é a tecnologia; é o conhecimento de aplicação [de soluções] nas indústrias de cada vendedor que visita os clientes. Nesse sentido, a Endress Brasil já vem se preparando há 10 anos, desde quando orientamos nossa força de vendas para, em vez de ter uma orientação geográfica, atuar de acordo com cada indústria”, revela.
Depois de participar do Endress+Hauser Global Forum, Carlos Behrends foi convidado do podcast Sala de Controle, no qual abordou a sustentabilidade na indústria a partir do ponto de vista da sua atuação no Brasil.
O episódio completo está disponível no player abaixo: