A Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou a abertura de quatro escritórios de representação em mercados estratégicos com o objetivo de ampliar a competitividade da indústria brasileira no cenário global. As novas unidades serão instaladas em Nova York (Estados Unidos), Xangai (China), Munique (Alemanha) e Dubai (Emirados Árabes Unidos).
O anúncio oficial será feito nesta terça-feira (30), durante reunião da diretoria da entidade, pelo presidente Ricardo Alban.
Segundo a CNI, a iniciativa busca conectar a indústria nacional a oportunidades de negócios, investimentos e inovação, além de apoiar empresas brasileiras no acesso a mercados externos e promover investimentos estrangeiros no país.
Contexto e objetivos
Ricardo Alban destacou que a medida integra a agenda de reindustrialização do Brasil e tem como meta diversificar a pauta exportadora, ainda concentrada em produtos de baixo valor agregado. De acordo com dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil ocupa a 24ª posição no ranking de exportadores e responde por apenas 1,2% do comércio mundial.
“A presença de escritórios internacionais permitirá aproximar nossas empresas de mercados-chave, ampliar parcerias estratégicas e dar mais visibilidade à indústria brasileira em um cenário de novas barreiras comerciais e aumento de tarifas”, afirmou Alban.
A CNI aponta que a China é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil, responsável por 28% das exportações brasileiras em 2024, concentradas em commodities agrícolas e minerais. O espaço para diversificação em bens manufaturados e tecnologias verdes, no entanto, está em expansão.
Os Estados Unidos aparecem como segundo maior parceiro, sendo também destino relevante dos investimentos brasileiros no exterior. Já a Europa responde por 16,7% das exportações nacionais e mantém investimentos consistentes no país há mais de duas décadas.
Dubai, por sua vez, consolidou-se como hub logístico para o Oriente Médio e Norte da África, com as exportações brasileiras para os Emirados Árabes Unidos crescendo 44% entre 2023 e 2024.
Estrutura e parcerias
Cada escritório terá funções específicas:
- Nova York: defesa de interesses da indústria brasileira nos EUA e suporte institucional;
- Xangai: atração de investimentos, inovação e apoio a delegações em feiras e missões;
- Munique: coordenação regional na Europa, com foco em financiamento, inovação e sustentabilidade;
- Dubai: articulação para ampliar a presença no Oriente Médio e Índia, além de atrair investimentos produtivos.
A instalação será feita em parceria com a Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvestSP), que já dispõe de infraestrutura e equipes locais. O secretário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Jorge Lima, afirmou que a cooperação permite reduzir custos e agilizar a operação.
Além das quatro unidades já confirmadas, a CNI negocia novas parcerias com a InvestSP e com a Apex Brasil para ampliar a presença da indústria nacional no exterior. As ações incluem rodadas de investimento, aproximação entre empresas e eventos estratégicos, como a Semana da Indústria em Nova York, prevista para 2026, e um seminário de investimentos na China.
Próximos passos
Os escritórios também vão apoiar federações estaduais e conselhos empresariais bilaterais, que funcionam como espaços de diálogo e negócios de alto nível. Cada unidade terá uma agenda própria de atividades para os próximos 12 meses, atualmente em fase de definição.
Com a iniciativa, a CNI pretende fortalecer a participação do Brasil em cadeias globais de valor, estimular parcerias tecnológicas e industriais e ampliar o fluxo de investimentos entre o país e mercados estratégicos.